SOLBRAIN – E o fim dos METAL HEROES no Brasil.

SOLBRAIN – E o fim dos METAL HEROES no Brasil: Após Winspector, a TOEI tinha planos ambiciosos para a franquia METAL HEROES. Sonhava com uma nova trilogia de sucesso, nos moldes dos bens sucedidos policiais do espaço: Gavan, Sharivan e Shaider. Queria consolidar o novo filão, o dos “heróis de resgate”, conquistando cada vez mais fãs e resgatando os antigos, que porventura tivessem abandonado a franquia (e, obviamente, vender o máximo de actions figures, carrinhos e produtos licenciados no processo).

E foi assim, com essa enorme responsabilidade, que nasceu Tokkyuu Shurei Solbrain, ou Super Equipe de Resgate Soubrain, como ficou conhecida no Brasil. Sendo exibida entre janeiro de 1991 até janeiro de 1992, pela mesma TV Asahi, num total de 53 episódios. Leia abaixo a matéria SOLBRAIN – E o fim dos METAL HEROES no Brasil:

Solbrain continuando Winspector. Toei já fazendo seus spinoffs

A ideia de continuidade já vem forte desde a premissa de Solbrain: Ao final de Winspector, a equipe de Liuma é destacada para agir intencionalmente, sendo deslocada para a Europa. Para não deixar o Japão à mercê da marginalidade, é criado uma versão 2.0. do Winspector. E quando digo 2.0, eu quero dizer um total upgrade e repaginamento, com o chefe Masaki tirando o escorpião do bolso (e do pobre contribuinte japonês).

Os uniformes são melhorados, com um equipamento de resfriamento que permite ficar mais tempo em uso do mesmo e, em vez de apenas uma armadura, dois valentes policiais são agraciados com o mega aparato:

 Daiki Nishio recebe a Solbraver, com direito a um carro hightech, com portas que abrem para cima e um mega painel encurvado na frente (na verdade é só um Toyota Sera repaginado, mas não vamos estragar a magia tokusatsu do momento), e traquinanas para fazer cumprir a justiça, como o raio Delta, James Gun, Giga steam (que recebe de Liuma) e, por último e não menos importante, a poderosa NitroGum (haja arma para uma equipe de RESGATE, não?).

 Completando a dupla temos a simpática cover juvenil de Sônia Abraão, Leiko Higuchi, que recebe a armadura SolJeanne. Esse sim um uniforme mais voltado para socorro e resgate, com direito a máscara de oxigênio e extintor portátil. Assim como Daiki, tem um veículo próprio para transformação, o Solblaster, que nada mais é que uma Toyota Previa, ou seja, uma minivan! E pior, ainda pegaram o fundo da minivan para levar o pobre do robô da equipe, que fica confinado no fundo do carro, o SolDozer (que devia ganhar por insalubridade, coitado! Biker e Highter nunca tiveram que passar por isso!).

Ambos usavam seus carros para transformação, ao dizer “Plus up” apertavam o botão no painel que permitia vestirem seus aparatos de combate.

Quanto ao pobre robô da equipe, esse era um caso a parte. SolDozer era o típico “fortão” do grupo, super-força e super-inocência no mesmo personagem. Como as verbas para o Solbrain estavam gordas, ele recebeu um upgrade que permitia a transformação do mesmo em uma retroescavadeira, que destruía todos os obstáculos que estivessem no caminho. Sim, isso mesmo que você ouviu, SolDozer era um metal hero transformer! E o melhor de tudo, o primeiro de toda essa franquia a usar efeitos computadorizados para sua transformação (sim, eles envelheceram mal, mas na época eram massa!).

Mas se você pensa que os gastos do erário público japonês tinham acabado, engana-se! Chefe Masaki tava com a corda toda! Trocou o computador Madrox para uma versão mais atualizada, (e cara, óbvio), o Cross 8000, e aproveitou a deixa e resolveu “refazer” a base de operações, que ficou deveras gigante! Na verdade, uma obscenidade que não teria como caber no meio da Tóquio real. Dentro dela ele  resolveu ter sua própria “nave supersentai”, o Solid States 1! Bom, imagine um carro de bombeiros, agora aumente seu tamanho por 100 vezes, e permita que ele “voe” pela cidade (sem destruir nada pelo caminho, lógico). Obviamente, uma estrutura nabanesca dessas precisa de uma mega equipe de operação, e lá vai mais pessoas entrando no cabide de empregos do Solbrain…

Bom, Solbrain teve, no geral, uma recepção morna pelo publico Japonês, se comparado ao seu antecessor Winspector e principalmente a fase de ouro dos policias do espaço. Para esquentar as coisas (e melhorar os índices de audiência) tivemos alguns convidados especiais e assuntos polêmicos inseridos no meio dos episódios.

A começar por um velho conhecido dos otakus Brasileiros, o Mad Galant de paçoca, mais conhecido no Brasil como MacGaren, deu as caras logo no capítulo 8 da série. O ator Junichi Haruta interpretou um policial paranóico e invejoso, que rouba o protótipo da Solbraver com o intuito de mostrar que seria uma escolha melhor que o Daiki. Claro que esse plano absurdo acaba dando errado e ele é derrotado no final.

Depois disso, nos capítulos 21 até o 23 tivemos o crossover dos sonhos de qualquer rescue fã: Winspector volta da França atrás de um androide que é capaz de assumir a forma de qualquer pessoa, o androide Messayer (qualquer semelhança com Blade Runner é mera coincidência) e acaba unindo forças com o Solbrain, com direito a música tema de ambas as franquias e muita rasgação de seda entre as equipes, principalmente entre Liuma e Daiki, rolando a maior broderagem entre os dois (tem até troca de mimos, com o Liuma passando o bastão, digo, sua Giga Stream para seu sucessor).

Só que Liuma (e a Toei) não quiseram largar o osso, e no capítulo 34 eles chutam o balde e trazem Liuma de volta para ser o quarto Solbrain, numa nova armadura, a Knight Fire, que é uma versão reformulada de sua armadura anterior, com detalhes semelhantes a Solbraver (ou seja, ainda deram um jeito de vender mais brinquedinhos).

Pois é, mas nenhumas dessas inclusões foi tão impactante quanto o polêmico capítulo 38. Sendo que esse não foi apenas o capítulo mais polêmico do Solbrain, como também um dos mais polêmicos da história dos tokusatsus. Intitulado “Convite à Morte”, o episódio traz um texto sombrio, envolvendo possessão demoníaca, morte e suicídio de crianças, sangue e símbolos nazistas, com direito a imagens, cenas e discursos reais da época do terceiro Reich sendo exibidos durante o decorrer da trama. Além da óbvia inadequação de tais temas com um programa infanto-juvenil, ressaltamos que para o Japão isso se torna ainda mais complicado, pois foi um país aliado ao eixo durante a segunda guerra, com feridas abertas daquele período. Esse episódio, por razões óbvias, acabou sendo censurado em muitos países.

Mesmo com tantos artifícios, mais efeitos, melhores uniformes e mais recursos financeiros, Solbrain acabou não tendo tanto sucesso quanto a Toei pretendia, o que, de forma irônica, possa ter afetado na forma como resolveram encerrar a série. Quase que como uma metalinguagem, a equipe Solbrain é dissolvida para dar lugar a equipes mais “baratas” com uniformes mais simples, feitos numa “linha de montagem” para ser mais acessível para todo o Japão. Ou seja, os gastos do Chefe Masaki não passaram despercebidos e o governo resolveu fechar a torneira (e a Toei idem).

No Brasil Solbrain acabou não fazendo grande sucesso. Veio a ser exibido apenas em 1995 até 1997 na rede Manchete. Nessa época os tokusatsus estavam perdendo espaço para o animes e não faziam mais o mesmo sucesso com a garotada. Além disso a Manchete já sofria problemas financeiros, o que acarretou na perda de filiais pelo país e, por fim, na falência da emissora.

Solbrain foi o último metal hero que passou em terras tupiniquins, fazendo com que o último da trilogia Rescue Heroes, Exceedraft, ficasse inédito em nosso país até os dias de hoje.

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Pai Fader

Pai fader - Um homem de bem com a vida, cheio de espiritualidade, com uma visão holística sobre esse misterioso mundo pop

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