HOX/POX – Hickman: o encantador de serpentes e seu “Novos 52” mutante

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Como já dito na minha coluna anteriormente (que você pode conferir aqui), os X-Men vinham sofrendo por décadas até a chegada de Matthew Rosenberg no título, o qual foi abruptamente substituído por Jonathan Hickman, que foi alçado a status de divindade por seus fãs, mais conhecidos por serem xiitas.

Hickman fez 4 trabalhos no universo regular da Marvel: Guerreiros Secretos, S.H.I.E.L.D., Quarteto Fantástico e Vingadores, culminando no seu canto do cisne, a superestimada Guerras Secretas. Após o término, o mesmo se despediu da Marvel e deixou o fandom desolado, nascendo assim o rumor que ele voltaria para escrever X-Men, em uma união do seu fandom com os X-Maníacos desesperados.

Após 4 anos de muitos rumores, para a alegria de alguns, Hickman retorna a Marvel com toda pompa e circunstância para “colocar os mutantes novamente em destaque no UM” e, até agora, o resultado é frustrante, pífio e patético.

HoX/PoX (como chamaremos essa mini do Hickman – House of X e Powers of X – aqui no texto) começa bem, com Xavier e Magneto unidos em Krakoa, que logo se desenvolve para uma nação, com embaixadas e tudo que se tem direito. É o mesmo conceito de Genosha, mas amplificado. Porém, logo começa a degringolar.

Moira MacTaggert na verdade é uma mutante que a cada vez que morre, volta com suas memórias passadas e, com esse poder, conta todos os possíveis futuros para Xavier, culminando na criação de Krakoa como nação. Dentes de Sabre, em uma missão com Mística e Groxo a mando de Xavier para roubar (sim, roubar) dados, acaba matando soldados e é preso pelo Quarteto Fantástico, quando são confrontados por Ciclope e o pedido de anistia, que é prontamente negado (corretamente) por Reed Richards, sendo que algumas edições após ele é liberado pela corte com um empurrãozinho mental da Emma Frost, que também o faz na reunião da ONU, quando da aprovação da nação mutante, sendo tudo consentido por Charles Xavier.

Mutantes são enviados a missões suicidas, com Xavier fazendo um dramalhão no qual se vê que é puro teatro, mas após as mortes são ressuscitados com ajuda de cinco mutantes vistos como deuses em Krakoa. Sinistro continua o maior geneticista mutante, mas tem um local próprio chamado Bar Sinistro, onde temos versões dele estilo Alfred e Leão Lobo (sim, tem até um jornal de fofoca). Forge atua nas sombras construindo backups de mentes mutantes em vários lugares para que, em atuação com o banco de dados genético de Sinistro, Xavier consiga a ressurreição de mutantes mortos.

E é aí que fica pior: após ressuscitados, os mutantes passam por um tipo de ritual fanático, conduzido pela Ororo, os quais são (re)apresentados no maior estilo Matrix. Mutantes gritando em uníssono e saudando os mortos renascidos. Drogas para cura e longevidade são criadas, mas liberadas apenas para países que têm tratados e reconhecem a nação mutante como soberana. Todos os mutantes têm salvo conduto na ilha, inclusive Apocalipse e todos os vilões que infernizaram a vida dos X-Men durante eras.

Ao ler as edições, fica sutilmente claro que Xavier tem total controle mental sobre os mutantes e suas encarnações (já que não sabemos quais já voltaram a vida), ficando claro quando Scott deixa de questionar o careca e Jean Grey parece bem mais crua e jovial do que sua versão anterior à entrada de Jonathan Hickman no título. É a verdadeira utopia, andando lado a lado com o fanatismo mutante pregado por Magneto: Homo-Superior é a evolução e os Homo-Sapiens devem apenas aceitar a extinção, nada de convívio pacífico.

São 12 edições estabelecendo o novo status-quo mutante, sem explicar muito, já que mexe com o passado. Em teoria, Hickman definiu que até certo ponto do universo 616 tudo aconteceu, mas ignora o fato de que todo esse tempo Xavier foi ponto chave em vários acontecimentos, não somente no núcleo X-Men, mas também no universo Marvel como um todo. Claro que é apenas o início, e essa última edição deixa em aberto várias perguntas, como Moira controlando Xavier, Apocalipse com grande destaque nos previews e o lance de renascimento que pode muito bem dar me***.

Ficou claro que é um reboot localizado apenas na franquia X, mas toda essa volta que Hickman dá nas 12 edições de HoX/PoX nada mais é que um novo começo, mas que poderia muito bem ser feito sem o reboot forçado. Os futuros mostrados em HoX/PoX (por isso Powers of Ten, sendo Potências de Dez em tradução livre) são 100 e 1000 anos no futuro, não interligados, contando as vidas de Moira e ela aprendendo o que não se pode repetir na próxima encarnação. Porém, na sua (talvez) última vida, mostra ao Xavier que não importa o quanto mudem, no final eles nunca ganham, mas que é importante não deixarem de tentar. Resumindo, é o que Matthew Rosenberg disse na primeira edição de Uncanny X-Men: “Toda história dos X-Men é a mesma”.

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Matheus Porks

Matheus Porks, cavaleiro da constelação da nostalgia, sonhando em morar nos anos 80/90 ou apenas ganhar na Mega Sena.

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