Ouvimos O Novo Álbum do Marilyn Manson!

Ouvimos O Novo Álbum do Marilyn Manson: Que ano, hein? Inundações na Indonésia, Incêndios na Austrália, vulcão em erupção nas Filipinas, ameaça de Terceira Guerra Mundial, pandemia, vespas assassinas, prisão de Ronaldinho Gaúcho… Como se não fosse o bastante, Marilyn Manson lança seu novo álbum em um dia 11 de setembro, com o título “We Are Chaos”.

Fui levado a pensar que o novo registro teria só desgraçaria, porrada, massacre, fogo, sangue e enxofre. Qual não foi a minha supresa ao constatar que o novo disco do artista, o 11° de sua carreira, não só é excelente como também flerta com influências que vão de David Bowie, T-Rex e Beatles a Erasure, The Cure e Lana Del Rey!? Manson, aos 51 anos (se sentindo velho agora, popnauta?), entrega, em meio ao caos mundial, um trabalho introspectivo, humano e definidor.

O álbum começa com “Red, Black and Blue”, uma faixa cheia de punch e com o assustador monólogo “cubram a Terra com mel, assim todos devorarão a si mesmos”. Os riffs se tornam cada vez mais rasgados, a voz de Manson traz a cacofonia de volta pro chão – de maneira ordenada, sob o comando do “god of fuck”. A faixa-título é a primeira grande surpresa do álbum, algo entre Beatles e Bowie, um delicado violão e a amarga declaração “no fim, todos terminamos numa lixeira, mas ainda estarei segurando sua mão”.

Na sequência temos “Don’t Chase the Dead”, o volume aumenta novamente, mas com o mesmo clima viajandão setentista.

“Paint You With My Love”, bonita e delicada, com a voz de Manson soando melhor que nunca, me lembrou certos acordes de “For the Damaged Coda”, o tema de Evil Morty do desenho Rick & Morty. Confira:

Já “Half-Way & One Step Forward” é o lado Lana Del Rey de Manson: “Não queira saber, você não precisa, você tem problemas com champagne” – tudo isso de maneira suave e delicada ou, ao menos, tanto quanto ele consegue.

(O que me lembra outra artista que buscou a mesma vibe em seu novo álbum esse ano: Taylor Swift, no “Folklore”. Calminho, delicado, suave, flores, melancolia… Tem uma tendência aí?)

Maior casal da popsfera!

Partimos para o tiroteio em “Infinite Darkness”, com pesados riffs industriais, tecladinho no melhor estilo “Alladin Sane” e vocais sussurrados contra o culto às celebridades: “Só porque é famoso não significa que você mereça algo, neste mundo ou no próximo ou no anterior”. “Perfume” tem mais vibração, mas segue o mesmo tema: “Ser a vítima é chique, você se torna tão famoso quanto sua dor”.

“Keep My Head Together” tem toques de Seattle e o peso de um desmoronamento. Muitas guitarras, o que nos prepara para o encerramento: “Solve Coagula” é outra grande viagem musical de angústia e desespero, sintetizando muito bem todas as influências deste álbum. “Broken Needle” fecha muito bem este capítulo da carreira de Manson, com influências de southern rock e a letra “você está bem? Porque eu não estou… Eu nunca mais vou tocar você de novo” conversando diretamente com a letra da faixa de abertura: “eu sou um homem ou um show – ou um momento?”

É curioso que o álbum tenha um resultado tão coeso e homogêneo com uma formação relativamente recente (o guitarrista Paul Wiley entrou pra banda em 2014, o baixista Juan Alderete em 2015 e o baterista Brandon Pertzborn no ano passado), além de uma série de convidados. Talvez grande parte dessa maturidade se deva ao produtor Shooter Jennings, mais conhecido por seus discos de country/southern rock – um ingrediente inesperado que deu liga.

“Êêê ôôÔ vida de gadooo…”

Ame-o ou ignore-o, Manson se tornou um ícone dentro de um estilo que não tem espaço para muito mais gente. Mais do que isso, ele é um artista brilhante que conseguiu se reinventar e dar um fôlego novo a sua longa carreira da maneira mais corajosa: se expondo. Tanta coragem não deve jamais ser subestimada, na arte ou na vida.

Marilyn Manson – “We Are Chaos”
Loma Vista Records

Produzido por Shooter Jennings e Marilyn Manson

Marilyn Manson – composição, vocal e instrumentação
Shooter Jennings – composição e instrumentação
Juan Alderete – baixo
Jamie Douglass – bateria
Ted Russell Kamp – baixo
Brandon Pertzborn – bateria
Aubrey Richmond – violino
John Schreffler – guitarra
Paul Wiley – guitarra

  1. “Red Black and Blue”
  2. “We Are Chaos”
  3. “Don’t Chase the Dead”
  4. “Paint You with My Love”
  5. “Half-Way & One Step Forward”
  6. “Infinite Darkness”
  7. “Perfume”
  8. “Keep My Head Together”
  9. “Solve Coagula”
  10. “Broken Needle”

Observação: no álbum, todos os títulos foram grafados em caixa alta.

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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