Cobra Kai – 4º ano – A temporada de Terry Silver!
Hoje dedicaremos esta matéria a comentarmos sobre a nova temporada de Cobra Kai que estreou na Netflix no dia 1º de Janeiro. Logo iremos abordar os principais pontos desta fantástica série num review que tem se tornado uma tradição do site.
Fã que é fã de Cobra Kai assiste desde a época do Youtube né? rs…
O vilão mais brutal de Karate Kid está de volta
Com a estreia da 4ª temporada de Cobra Kai na Netflix a série avançou em mais alguns pontos, porém um deles se destacou acima de todos, o retorno de Terry Silver, interpretado pelo lendário Thomas Ian Griffith.
A produção da série realmente surpreendeu em entregar um grande retorno, como o do vilão de Karate Kid 3.
Toda a temporada foi preparada para desenvolver o novo “status quo” de Silver. Desde ele comendo tofu com ricos mimados, até ele voltar a ser o “lutador mais brutal que existiu” no Cobra Kai.
Com a aliança forjada por Johnny Lawrence e Daniel Larusso para derrotar o Cobra Kay, Kreese se viu num terreno desconhecido e precisando de aliados confiáveis. Logo decide recorrer a um velho companheiro da Guerra do Vietnã, Terry Silver.
O que mais surpreendeu neste retorno de Cobra Kai foi mostrar que Silver estava tranquilo na dele, curtindo as mordomias que a riqueza poderia lhe proporcionar e completamente tratado e curado de seus traumas de guerra. E foi apenas um encontro com seu passado, o responsável por acender aquela fagulha que estava no cantinho de seu coração.
Essa fagulha se chama Kreese, que com seu tremendo dom manipulativo, consegue colocar aquela “pulga atrás da orelha” de Silver. Apesar de mostrar resistência nos primeiros episódios, lentamente o personagem vai cedendo para o lado negro da força.
Mesmo que lute e afirme que deixou os problemas para trás com terapia e remédios, Terry vai descendo a ladeira da vilania até chegar no ponto sem retorno. E é aê que “a merda bate no pescoço”, como os antigos dizem não é mesmo?
Parabéns aos roteiristas por trabalharem de maneira lenta, gradual, mas muito gratificante o plot de Silver. Que foi o principal motivo da narrativa da série ter ido tão bem neste 4º ano, porque se dependesse da rivalidade Johnny e Daniel iria ladeira abaixo na qualidade.
E isso comentaremos mais para frente.
Kreese e seu toque de Midas invertido
A história foi tão bem construída em torno de Silver, que você percebe que o personagem tinha realmente boas intenções ao assumir como sensei do Cobra Kai.
Fica visível que ele estava mais sensível e maduro, inclusive definindo diretrizes mais saudáveis aos seus alunos. Entretanto tal fato entrava em contraste com Kreese, que se sentia ameaçado e vendo possível conflito com o que era ensinado pelo veterano de guerra.
E nesses momentos vemos o quão foda é o personagem do Silver, ele simplesmente destrói todas as linhas argumentativas de John de forma inteligente e colocando tudo de forma prática. Mostrando que estava certo todo o tempo.
O ponto sem retorno foi Terry foi afirmar que todos tem um ponto fraco. E quando este foi indagado por Tory de que “Sensei Kreese não tem pontos fracos”, ele reafirma que “todos tem um”. E a partir dali em diante é um jogo de “xadrez 5d” completamente dominado pelo milionário.
O ponto Sem retorno no dojo dos Cobras
Chega ao ponto que Kreese perde tanto as batalhas psicológicas quanto no tatame e se vê obrigado a apelar para hierarquia militar da época da Guerra no Vietnã e a eterna dívida de gratidão, que foi muito bem mostrado na temporada passada.
E aé meu amigo, vemos uma das melhores atuações de Thomas Ian Griffith. O cara veste tanto o personagem que fica visível o quão desiludido estava, e você pensa “caraio esse maluco vai colocar um plano em andamento pra ferrar o Kreese”. E a gente fica encucado, esperando o momento do bote desta velha cobra.
E que plano meus amigos. Que plano. O “velho da lancha” é um gênio que surpreende no finalzinho se mostrando uma verdadeira cobra peçonhenta e Kreese mostra sua verdadeira fraqueza, Johnny Lawrence.
No embate de velhas cobras, venceu a mais inteligente e traiçoeira de todas e que promete grande reviravoltas no 5º ano.
Instabilidade nos dojos de Daniel e Johnny quase estragam a temporada
Apesar da rixa entre Daniel e Johnny ser divertida e e engraçada, gosto muito quando mostram a evolução de personagens tão distintos, entretanto também foi gratificante acompanhar a evolução dos personagens como um todo. E esperávamos que a aliança forjada fosse durar a temporada toda, porém os roteiristas quase estragaram um plot tão bem construído de anos por pura bobeira.
Chegamos ao absurdo de Johnny sentir ciúme de Daniel só porque Miguel estava se aproximando do sogro. Plot alá série da CW de tão ridículo.
Ok, sabemos que Lawrence usa Miguel para compensar as falhas que o personagem tem com a paternidade de Robby, porém foi ridículo achar que Miguel não poderia aprender com Daniel para se tornar um lutador melhor, e até uma pessoa melhor.
A luta entre Daniel e Johnny foi um dos pontos mais baixos da temporada e ainda bem que não ocupou mais tempo de tela com bobeiras desse nível.
Enfim romper a aliança dos dojos foi de uma insensatez terrível e eles pagaram o preço por brincar com Cobra Kai e acharem que sairiam numa boa.
Mas um dos pontos que eu levanto para aplaudir é que mesmo com o rompimento da aliança, pudemos ver que tanto Daniel quanto Johnny aprenderam lições fundamentais um com o outro. E levaram para a vida. Isso foi muito legal.
Parco desenvolvimento dos núcleos juvenis
Toda a preparação dos dojos para o torneio de Karatê foi muito legal. Fica evidente na temporada as dinâmicas diferentes que Daniel, Johnny e Silver/Kreese lidam em seus dojos. As lutas foram bem coreografadas e os núcleos juvenis em geral foram bem desenvolvidos. Porém alguns ficaram aquém do que se esperavam.
O romance de Miguel com Samantha estava mortíssimo, quase não tiveram química e nos poucos episódios em que não estavam treinando, brigavam por bobeiras. Diferente da 1ª temporada, onde parecia que o casal era perfeito, nesta talvez tenhamos essa sensação de pouca química, pela quantidade de personagens sendo desenvolvidos e pouco tempo de tela.
O plot do Falcão apesar de manjado, afinal ele perder a identidade porque cortaram o moicano, e recupera a confiança por causa do beijo da Moon, foi absurdamente sem noção, entretanto o ator é bem competente e mostrou que o que estava em jogo era que ele se sentia culpado pelas besteiras que fazia e precisava amadurecer.
Porém a forma como o roteiro colocou, simplificou em camadas superficiais, até mesmo banais.
No geral os plots juvenis foram afetados pelo grande numero de personagens ganhando mais tempo de tela para desenvolver seus dramas e isso pesou no final.
Mais personagens novos e sem graças
E um dos motivos de que os principais personagens de Cobra Kai tiveram seu tempo de tela diminuído, foi porque os produtores acharam interessante integrar um novo personagem, uma criança com problemas em casa e que sofre bullying na escola e que de uma maneira vai entrar para o Cobra Kai.
Parece similar a algo já visto na série anteriormente?
Sim, é a mesma história sendo repetida só que com novos atores, agora é Kenny Payne (Dallas Dupree Young) o novato com problemas familiares graves que chega na escola e sofre bullying do …. filho de Daniel Larusso. Chocados?
Pois é, os roteiristas além de encherem linguiça com as picuinhas desnecessárias entre Daniel e Johnny ainda aprontaram essa historinha sem graça para meio que jogar um “mea-culpa” na péssima educação que o Anthony recebeu do pai, já que mostra que ele sempre foi relegado a 2º plano em detrimento de Samantha que é extremamente mimada pelos pais.
Esta será a nova treta que será explorada pelos produtores lá na 30ª temporada de Cobra Kai, quando Anthony e Kenny se encontrarão tal qual Daniel e Johnny no começo desta série.
Também entendo que Kenny foi adicionado na temporada para fazer Robby refletir em suas ações e tudo mais, mas a conclusão do arco do jovem personagem é ridícula. Não faz a gente torcer por ele.
Se usarmos o Miguel na primeira temporada, a gente torcia para ele encher os caras de porrada, já o Kenny não sentimos nenhum tipo de empatia, principalmente depois que entra pro Cobra Kai e tudo piora com o avançar de etapas. O garoto com treinamento de 4 semanas chegar numa quarta-final do torneio sub18? Forçaram a mão demais no roteirismo. Demais mesmo.
Tory é coroada Rainha Cobra
Já um dos plots mais bem desenvolvidos foi o de Tory. Foi o fiel da balança nesta season.
Tory equilibrou a balança do poder no Cobra Kai e soube lidar muito bem em reconhecer suas fraquezas e de que precisava de ajuda.
Isso foi fundamental para que sua caminhada evoluísse e pudesse enxergar que nem todo mundo queria o mal dela, apesar de ter crescido em um ambiente de pessoas tóxicas e aproveitadoras.
Mas esta evolução da “Rainha Cobra” não seria possível se Amanda não interferisse e se sensibilizasse com sua história de vida. E foi muito legal conhecermos um pouco de seu drama e o motivo de ela ser tão revoltada. Finalzinho da temporada pode indicar que Tory se alie com Samantha para derrubar sensei Silver por um dos motivos que ela sempre valorizou, a honra de conquistar algo somente dela. E Terry lhe tirou isso ao comprar o juiz numa tática suja e desleal.
Cada minuto de tela para esse plot realmente valeu a pena.
Reviravolta no arco final salva temporada rasa
Para mim o 4º ano de Cobra Kai apesar de se mostrar instável, com personagens demais para serem trabalhados e uma sequência de problemas, encontra sua redenção nos 3 últimos episódios. E com ele a salvação da série que mostra que o show tem muito pela frente.
Sim é exatamente isso que você leu: de toda a temporada, somente o arco final traz algo minimamente trabalhado e que mostra um vilão a altura de Cobra Kai sem apelar para perda de tempo com temas pueris ou picuinhas bobas.
Todo aquele plano que esperávamos de Silver veio de uma tacada só e por várias frentes.
Mostrando que Kreese realmente se importava com Johnny. E com esta informação ele arquitetou um plano ousado e bem forçado utilizando o péssimo Arraia (Paul Walter Hauser) como trampolim. E até mesmo sendo sujo e desleal no campeonato.
Alias não custa reforçar, sério produção um episodio todo só pro Arraia?? Estão de brincadeira comigo?
Este fato só reforça que os produtores queriam realmente encher linguiça. Só que foi tão descarado e sem sentido que perdeu o propósito total. Qualquer personagem poderia ter exercido a função do Arraia, podendo inclusive trazer mais carga dramática.
Tirando a enrolação da trama que se estendeu demais na temporada, temos o fantástico Terry Silver que simplesmente dominou a narrativa da série. Expondo as falhas de Daniel, Johnny e Kreese e sabendo explorar bem os campos.
Não à toa que o personagem aparece em um momento de lazer lendo “Leviatã” de Thomas Hobbes. O tema principal que o livro trata é de que se não existir um soberano que governe e imponha leis a serem seguidas, todos os homens sempre estarão em guerra. E quem melhor que Silver para preencher essa lacuna, já que Kreese mostrou-se fraco para o cargo.
Conclusão!
Os roteiristas de Cobra Kai realmente deram alguns moles neste último ano. Uma temporada instável, quase que composta por episódios fillers, onde o desenvolvimento dos personagens principais foi prejudicado demais. E como se não bastasse ainda resolveram investir em personagens genéricos (Kenny Payne) e ruins (Arraia).
O que salvou a temporada foi a presença de Terry Silver, que neste 4º ano deu uma profundidade e equilíbrio sensacional ao vilão.
Eu diria que sem Terry esta temporada desandaria. Sinceramente a mais pura verdade.
O torneio foi sensacional porém fomos privados do embate que todos esperávamos, Miguel contra o Robby.
Agora que Robby fez as pazes com o pai e parece estar amadurecendo a largos passos dificilmente teremos a luta entre os personagens rivais.
E o final da temporada aponta para uma mudança de status quo para quase todos os núcleos e isso torna tudo interessante.
Que venha a 5ª temporada.
NO MERCY!
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