The Last of Us Part II – Nós jogamos

The Last of Us Part II – Nós jogamos: Sete anos atrás a decisão final de Joel, personagem importante do game THE LAST OF US, impressionou uma legião de fãs, quando ele simplesmente não conseguiu entregar Ellie para um sacrifício que poderia resultar na cura para o fungo que destruiu a vida na Terra como a conhecíamos. No primeiro game, a jornada inteira consistiu em levar Ellie de uma costa a outra dos EUA, quase como se ela fosse mesmo uma carga, uma mercadoria, para o encontro de um grupo (os Vagalumes) que talvez pudessem desenvolver uma vacina derivada da imunidade não explicada de Ellie. Mas o passado de Joel, principalmente a perda de sua filha no início da pandemia, falou mais forte e bem alto no momento da entrega, e ele não conseguiu. 

Nesse ano, com o lançamento de THE LAST OF US PART II, as consequências desse ato foram exploradas ao limite.  

A segunda parte da saga de Ellie é uma experiência arrebatadora, talvez única em sua intensidade até aqui no mundo dos games, e ela merece ser desfrutada na íntegra, sem spoiler nenhum, para que assim o jogador possa sentir o poder das ações dos personagens durante a narrativa. Nesse texto eu pretendo expor um ou dois deles, então, se você ainda não esteve lá naquela praia, por favor, pare de ler agora e vá jogar… 

Com uma jogabilidade que não apresentou muitas novidades nessa continuação (Ellie agora pode nadar, pode rastejar, algumas armas novas, e acho que só), o forte mesmo é o enredo. Em muitas passagens você se sentirá como se estivesse vendo um bom filme de ação com muito drama no meio. 

A vida estava muito boa em Jackson, cidade na qual o grupo de Tommy, irmão de Joel, se estabeleceu. No game anterior essa galera vivia em uma hidroelétrica. Em uma ronda de rotina, os irmãos salvam a vida de uma jovem mulher que estava em apuros contra alguns infectados. Era morte certa pra ela, não fosse nossos heróis. Ainda em fuga, ela sugere uma cabana onde seu grupo estava refugiado. O grupo elimina alguns infectados remanescentes e, uma vez dentro da cabana, a tensão aumenta de zero pra um bilhão. Joel se sente encurralado, e estava mesmo. A moça que agora devia sua vida aos dois irmãos é Abby, a filha do cientista que Joel matou para resgatar Ellie dos Vagalumes. O grupo de Abby talvez represente o que havia sobrado dos Vagalumes. 

Esse é o primeiro contato no jogo com dois sentimentos que estarão presentes até o fim dessa campanha: o ódio e a vingança. Abby não se importou nem um segundo com o fato de sua vida ter sido salva 5 minutos antes por Joel; ela o abate e Ellie, no encalço dessa galera, chega na cabana em tempo de assistir à execução de seu pai adotivo, e essa é a primeira vez que Ellie sente ódio e jura vingança.   

Análise: The Last of Us Part II (PS4) é uma história brutal sobre ódio e  vingança - GameBlast

Uma das decisões geniais da Naughty Dog, desenvolvedora do jogo, foi tornar Abby um personagem jogável para que assim sua história pudesse ser contada. Usando de muitos flashbacks, o game faz com que o jogador vivencie a dor dela ao descobrir que seu pai fora assassinado por estar tentando encontrar uma cura para a humanidade.  Além disso, podemos também conhecer um pouco da rotina que ela leva junto a seu grupo, que vive muito bem dentro de um estádio de futebol. Crianças, cães, idosos, comida, abrigo e segurança. Mas alguma coisa queima dentro do coração de Abby; alguma coisa forte o bastante para que ela esteja disposta a abandonar tudo isso: o ódio e um absurdo desejo de vingança… 

De forma brilhante, o game faz com que o jogador comande as ações ora de Ellie, ora de Abby, mostrando que na verdade ambas possuem muito a perder se continuarem nessa jornada que só pode acabar em sangue. Ellie caça um por um do grupo que Abby levou até a cabana. É necessário, por exemplo, matar alguns cães que acompanhavam esses caras, coisa que Ellie faz sem pensar duas vezes e com muita violência. Mas quando você revê esses animais em flashbacks de Abby, eles são retratados como grandes companheiros, cães sensacionais, protetores, brincalhões… dá um nó na garganta saber que você já matou aquele cachorro. 

Em sua busca por vendeta, Ellie precisa torturar uma Vagalume, e os golpes precisam ser desferidos pelo próprio jogador. Bastante desconfortável. E quando uma outra integrante do grupo é encontrada e Ellie descobre que agora ela está grávida, o game não dá ao jogador a chance de sequer fazer uma escolha.  

The Last of Us: Parte 2 recebe trailer dedicado à Abby seis meses após o  lançamento

Quanto ao final, eu pergunto: quantos jogos nós zeramos gritando MORRE, MONSTRÃO!, ou ainda EXPLODE, MALDITO!, quem sabe um CHUPA, BOSS FINALE DO INFERNO!, e frases assim? Praticamente todos os games do mundo… 

No final de THE LAST OF US PART II você vai repetir baixinho (assim como eu fiz) POR FAVOR, NÃO MATA! POR FAVOR, NÃO MORRE! APENAS PARE E VÁ PRA CASA… 

Ellie e Abby perderam praticamente tudo o que tinham de valor em suas buscas pessoais por vingança, uma contra a outra. Dá vontade de chorar quando você percebe que Ellie perdeu o maior presente que Joel deu a ela, mesmo que isso possa significar a cura para os esporos (aqui eu estou viajando, pergunte-me como). 

Nós? Nós ganhamos um dos jogos mais sensacionais dos últimos tempos. Brutal e forte! Cru e visceral! Um game que nos diz que decisões difíceis sempre existirão, mas é muito melhor você preservar o que realmente importa em sua vida ao invés de se entregar ao ódio e à vingança. 

Agora com licença porque eu vou começar o game mais uma vez. 

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