A história e revolução da WildStorm

A história e revolução da WildStorm: Muito tem se falado e discutido sobre os personagens da WildStorm estarem voltando a ter seu destaque na DC Comics, mas muitos desconhecem o tremendo valor cultural que a antiga editora associada da Image Comics tinha e todo o seu aporte histórico. Esta matéria tentará explicar um pouco a sua história e seus principais personagens

A fundação da WildStorm

A WildStorm Productions, ou simplesmente Wildstorm, é um estúdio fundado por Jim Lee e Brandon Choi, e que fez parte dos fundadores da Image Comics em 1993. E como isso começou?

A história e revolução da WildStorm

A Image Comics foi fundada em 1992 e, com ela, uma grande revolução gráfica estava vindo. Cores digitais, impressão de qualidade e arte inigualável, os anos 90 foram uma época bem interessante de ser vivida. Jim Lee fazia parte do time de fundadores da nova editora, porém a sua empresa na época era a Aegis Entertainment. No final de 1993, Jim Lee alterou o nome do estúdio para WildStorm e explicou a mudança:

“Durante a criação da Image, eu incorporei minhas atividades comerciais com o nome Aegis Entertainment. À medida que a Aegis crescia e o mercado mudava, decidi que um novo nome definiria com mais precisão a natureza dos títulos que produzimos”.

WildStorm era um anagrama dos principais títulos da editora: Wild (WildCats) + Storm (StormWatch).

Em conjunto com a mudança de nome, Lee fez uma das melhores contratações do estúdio recém-criado, o ex-editor da DC Bill Kaplan.

Kaplan foi contratado para supervisionar a produção e a programação, em um esforço para combater os problemas do estúdio com agendas de publicação irregulares. Ou seja, para normatizar a produção e regulação dos gibis.

Jim Lee desenvolvendo suas habilidades de editor

Jim Lee já era um grande editor nos anos 90

Jim Lee sempre foi reconhecido por ser um artista influente e exímio caçador de talentos. Então, para formar seu selo e calcá-lo numa base firme, ele precisava de um seleto grupo de escritores e desenhistas. De sua pesquisa de talento, Lee conseguiu Brett Booth em 1992 e J. Scott Campbell em 1993 – além de ter contratado o veterano John Romita Jr como roteirista e Whilce Portacio para desenhar um dos principais títulos da WildStorm, Wetworks.

Da safra de títulos que saiu da Wildstorm podemos certamente destacar: Gen¹³, WildC.ATs, Stormwatch, Deathblow, Cybernary e Wetworks.

Com esses títulos, a WildStorm se mostrou um estúdio interessante de ser acompanhado. De todos as empresas associadas à Image Comics, era a empresa de Jim Lee que tinha a maior diversidade de conteúdo e histórias.

Nos gibis, a gente podia encontrar de tudo, desde equipes jovens e imaturas como Gen¹³, passando por títulos de grupos heroicos como WildCats e até mesmo dramas de guerra. Esse era um importante diferencial na equipe que surgiu.

Fracasso em vender os personagens em outras mídias

Mesmo com toda a estrutura montada por Lee e sua equipe, suas tentativas de colocar os personagens do estúdio em outras mídias se mostraram decepcionantes.

Uma série de desenhos animados de WildC.ATs durou apenas uma temporada (1994–1995), enquanto uma versão animada de Gen¹³ foi produzida, mas nunca foi lançada nos Estados Unidos. A Disney havia adquirido os direitos de distribuição doméstica, mas arquivou o produto.

Os brinquedos, então, foram um fracasso retumbante e tiveram menos sucesso do que os fabricados por Todd McFarlane (que viraria um dos melhores estúdios de hot toys e estatuás atualmente, tornando Toddynho ainda mais rico do que já era).

Editoras criadas pelo estúdio

A Homage Comics foi criada em 1995 e tinha o objetivo de ser um selo dedicado a títulos autorais dos escritores, algo que é bem comum na Image Comics. Na época a WildStorm era pioneira nesse ramo.

A proposta atraiu gente do calibre de Kurt Busiek, James Robinson e Terry Moore. Logo a editora estava publicando material como Astro City, The Wizard’s Tale, Leave it to Chance e Estranhos no Paraíso além de imprimir as series de Sam Kieth: The Maxx, Zero Girl, Four Women e as minisséries de Warren Ellis: Mek, Red e Reload.

Devido ao valoroso sucesso da Homage, Jim Lee criou a Cliffhanger, que tinha o objetivo também de publicar material autoral, só que com um teor, digamos, mais popular e simplista. Deste selo viriam: Danger Girl do J. Scott Campbell, Battle Chasers de Joe Madureira, Crimson and Out There do Humberto Ramos, Steampunk de Joe Kelly e Chris Bachalo, Arrowsmith de Kurt Busiek e Carlos Pacheco e Two-Step e Tokyo Storm Warning de Warren Ellis.

E por último a America’s Best Comics, idealizada por Alan Moore alguns meses antes da WildStorm ter sido comprada pela DC Comics. Este selo era praticamente uma vitrine dos trabalhos de Moore. Apesar do ranzinza e reclamão roteirista dizer anteriormente que nunca mais trabalharia para a DC Comics, lá estava ele, após receber garantias de que seu contrato sobre os direitos dos personagens seria mantido e não sofreria interferência editorial da DC. A linha incluía os títulos Promethea, The League of Extraordinary Gentlemen, Tomorrow Stories, Tom Strong e Top 10.

Final dos anos 90 e uma grande reformulação

Em 1997 houve também uma grande reformulação nos títulos do Universo WildStorm. Os gibis passaram a ter histórias em quadrinhos de escritores de grande nome no mercado, tais como Alan Moore, Warren Ellis, Adam Warren, Sean Phillips e Joe Casey.

Depois disso a série WildCats foi renovada, e Stormwatch e DV8 tomaram o lugar dos quadrinhos mais populares e de maior sucesso comercial do Universo WildStorm.

Aliás, conta-se na indústria que WildStorm fez uma grande apresentação para a Lucasfilm Ltd. na tentativa de obter a lucrativa licença de Guerra nas Estrelas, mas perdeu a disputa na época para a Dark Horse.

Venda para a DC Comics

No final dos anos 90 o mercado de quadrinhos passava por uma grave crise decorrente de diversas tomadas de decisões erradas da editoras e distribuidoras, que inclusive ocasionou a Marvel Comics entrando em concordata e a Diamond se tornando a única distribuidora de quadrinhos, criando seu monopólio. E as vendas de revistas em quadrinhos responderam negativamente ao mercado, mostrando seu pior momento em anos. Com isso, em meados da década de 1990, Jim Lee procurava um comprador para seu estúdio.

O resultado foi a aquisição da WildStorm pela DC Comics em 1998, que entrou em vigor em janeiro de 1999. Segundo a DC, isso pretendia “fortalecer a capacidade da WildStorm de expandir seus objetivos editoriais e diversificar a produção da DC”.

WildStorm era editorialmente separado da DC Comics, e as duas empresas mantinham escritórios em costas opostas: Wildstorm na Califórnia e DC na cidade de Nova York. A aquisição da WildStorm pela DC permitiu que seus respectivos universos coexistissem, e personagens de qualquer um desses universos poderiam aparecer nos títulos.

Os personagens da editora recém adquirida viriam a ter bastante destaque nos anos posteriores: novas versões de WildCats, Gen¹³ além de gibis para Majestic e Zealot. Houve também a criação do The Authority (grupo oriundo do StormWatch) que viria a mudar a indústria para sempre com sua ótica distorcida e extremista.

Universo WildStorm listado no multiverso como Terra-50

Em Multiversidade do Grant Morrison o universo Wildstorm foi catalogado como a Terra-50.

Novos 52

Após definhar no decorrer dos anos a DC Comics deu uma nova chance para os personagens da WildStorm no reboot da editora em 2011. Os novos 52 mostrou os personagens de Jim Lee integrados no mesmo universo do Batman e Superman, e com títulos sólidos.

A onda inicial de títulos relançados incluiu: gibis solo para Voodoo e Bandoleiro, um título do Stormwatch revivido com Jack Hawksmoor, Meia-Noite, Apollo, Engenheira e Jenny Quantum, e uma versão revivida do Team 7 com personagens como Exterminador, Amanda Waller e Canário Negro se juntando os personagens da Wildstorm.

Ravagers, que foi um spin-off de Superboy e Titãs, tinha a Caitlin Fairchild (Gen¹³) e Warblade como parte da equipe, enquanto Helspont (vilão de WildC.ATs) aparecia no gibi do Superman. Grunge dava as caras em Superboy, Zealot em Exterminador e Spartan em Team 7.

Revival e uma nova estruturação em 2017

Em 16 de fevereiro de 2017, a Wildstorm foi oficialmente revivida com The Wild Storm # 1, por Warren Ellis e Jon Davis-Hunt em uma série de 24 edições que reimaginou o Universo Wildstorm.

Em 11 de outubro de 2017, a Wildstorm lançou uma segunda série de The Wild Storm, The Wild Storm: Michael Cray, de Bryan Hill, uma série de 12 edições.

Após a conclusão de The Wild Storm, a DC Comics anunciou que uma nova minissérie de seis edições dos Wildcats seria lançada em 28 de agosto de 2019 novamente escrita por Ellis com arte de Ramon Villalobos, mas foi colocada em hiato, após o desenhista ser diagnosticado com depressão em grau elevado.

Ellis não conseguiu um novo artista para continuar a empreitada do reestabelecimento do novo WildStorm, o que deixou o projeto em uma triste pausa. Mas com Jim Lee agora firmemente entrincheirado como único editor da DC (e diretor de criação), associado ao fato de Ben Abernath, um dos últimos editores líderes da WildStorm, estar exercendo um papel importante como editor dos gibis do Batman, as coisas podem estar melhorando para os personagens outrora esquecidos.

Bandoleiro já vai dar as caras nas mensais do morcego, quem sabe um gibi dos WildCats, uma participação de Majestic nos gibis, ou se os rumores estiverem certos, Superman liderando o Authority dê ainda mais luz para o WildStorm. Pelo menos é isso que todos nós esperamos.

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Puyol Miranda

Uma simples testemunha da humanidade, que presencia todos os dias as grandes maravilhas de Deus. Além de presenciar o mais lindo momento de uma etapa de crescimento, me tornar pai. Sou analista de ti, leitor de quadrinhos, decenauta convicto e amante da tecnologia.

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