Homem Aranha: Sem Volta para Casa – Resenha!

Vimos o filme mais esperado do ano! E foi sensacional!

Atenção: o texto a seguir contém spoilers!

Em 2016, quando fomos apresentados à versão MCU do, sem nenhum exagero, personagem mais conhecido da Marvel, em Capitão América – Guerra Civil, vimos um adolescente vestindo o traje azul e vermelho, sem maiores detalhes. Não era necessário. Todos conhecem o Homem Aranha, seja aqui ou no ponto mais remoto do Nepal.
No ano seguinte, Homem-Aranha: De Volta ao Lar nos mostrou esse mesmo adolescente já com um uniforme high-tech e uma dependência enorme e irritante de Tony Stark, com uma Tia May (Marisa Tomei) jovem e atraente, sem Tio Ben e sem problemas como a dificuldade pra pagar as contas, ou o emprego miserável.
Dois anos mais tarde, em 2019 e depois de já ter aparecido nos arrasa-quarteirões VingadoresGuerra Infinita e VingadoresUltimato, vemos novamente Peter Parker na dependência do legado de Tony Stark, viajando à Europa e vestindo (insisto) roupa e acessórios high-tech.
Por mais que Tom Holland seja extremamente carismático e tenhamos a presença de Zendaya (na minha humilde opinião, uma atriz superestimada), a caracterização do cabeça de teia, em nenhum dos filmes citados antes nesse texto, se aproxima da criação de Stan Lee e Steve Ditko no que diz respeito ao início solitário do herói.

O Homem Aranha que conhecíamos tinha problemas normais, tinha de ralar para pagar seu aluguel, sofria bulling na escola… E ainda era um super-herói completamente independente, fazendo valer o clássico jargão “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. O amigão da vizinhança no MCU não tinha nada disso, principalmente as responsabilidades.


Mas…
Ao final de Homem Aranha – Longe de Casa, Peter teve sua identidade secreta revelada ao mundo e ficamos à espera do que isso traria no último episódio da trilogia. Uma boa premissa era a imagem de J. K. Simmons, vivendo novamente J.Jonah Jameson, alardear aos quatro ventos a “ameaça” que o Homem Aranha representava à sociedade.
Enfim chegamos a dezembro de 2021! Depois de muito hype, teorias e os habituais vazamentos que envolveram as últimas produções do herói, Homem Aranha: Sem Volta para Casa chega aos cinemas e, amigos, que delicia de filme!
Não tínhamos visto no MCU um filme de origem para o Aranha e a minha percepção é de que se tratou de uma trilogia INTEIRA para contar essa origem. SVPC acaba por resolver e alinhavar todos os pontos tão duramente criticados pelos fãs e já se inicia com Peter tendo de lidar com os problemas sociais causados pela revelação do filme anterior. Vale lembrar que isso afeta a todos de quem ele gosta.


Peter acaba recorrendo ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para tentar magicamente resolver isso. A ideia era fazer todos esquecerem a identidade do Homem Aranha. Há um erro no feitiço – um dos pontos questionáveis do filme, já que é duro de acreditar que o ex-mago supremo permitisse falhas dessa forma num processo ao qual ele sabia que podia rasgar as barreiras do Multiverso – e agora todos que conhecem a identidade secreta, em todos os universos, começam a ser transportados para o MCU.
Com isso, temos o retorno do Doutor Octopus de Alfred Molina (Homem Aranha 2, 2004), do Homem Areia de Thomas Haden Church (Homem Aranha 3, 2007), o Lagarto de Rhys Ifans (O Espetacular Homem Aranha, 2012), do Electro de Jamie Foxx (O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro, 2014) e do Duende Verde, do fantástico Willem DaFoe (Homem Aranha, 2002).


Aqui começamos a ver o verdadeiro Homem Aranha! Não há mais como recorrer aos brinquedos das industrias Stark – confiscados por conta da revelação – e os únicos a o ajudarem contra esse “quinteto sinistro” são Ned e M.J. Ele tem de se tornar, finalmente, protagonista! Tomar as decisões importantes (e até meio insensatas) como não enviar imediatamente todos os vilões de volta a seus respectivos universos, deixando assim que tocassem o terror. Ele tem de assumir a responsabilidade por todas as mortes e destruição causadas por seu erros. Inclusive a morte de sua May (ele nunca usa o termo “tia”) em uma cena feita para quebrar os corações nostálgicos.


Sem volta para casa tem fanservice. Tem muito fanservice. Tomando emprestada uma definição dita por um grande amigo “Sem volta para casa não é um filme! É um fanservice de quase 3 horas de duração!”. E esse expediente é cumprido de maneira soberba!


Não há como não vibrar quando Andrew Garfield aparece em cena e nem como deixar de abrir um largo sorriso quando, poucos minutos depois, Tobey Maguire adentra o apartamento de Ned. O segredo mais mal guardado do cinema nos últimos anos não deixa de ser uma maravilhosa surpresa e um deleite. A adição dos dois e, principalmente, a adição de que as produções passadas VALEM, sem que fosse criada uma concorrência de qual é melhor e qual é pior, são inestimáveis para o rumo do MCU. Eu confesso que temia, antes de assistir, o fato de Holland ser eclipsado por Garfield e Maguire. A direção de Jon Watts e o roteiro de Erik Sommers e Chris McKenna, felizmente, não permitiram isso – e o que se vê é simplesmente lindo. Não há competição. Acabamos não fazendo comparações.


Vemos Peter Parker crescer, ter raiva, fazer a coisa certa, fazer a coisa errada, vemos um garoto deslumbrado por antes fazer parte dos Vingadores perdendo toda sua pureza e inocência e sendo resgatado por suas contrapartes e seus amigos verdadeiros. Da mesma maneira, vemos o MCU, ao validar os filmes anteriores, estabelecer seu Multiverso, plantado lá em WandaVision, adubado em Loki e que terá seus frutos finais em Doutor Estranho – Multiverso da Loucura (cujo trailer, inclusive, é a segunda cena pós créditos em SVPC).
A batalha final é um espetáculo visual e por si só já valeria o ingresso do cinema. A intenção é “curar” os vilões antes de envia-los de volta. Temos as piadinhas? Temos, mas afinal, é (são) o(s) Aranha(s) e isso está no cerne dele(s).

O desfecho é tocante, amarra as pontas e traça o novo caminho para a franquia, fazendo com que, diferente do plano original, agora todos esquecem quem é Peter Parker! Esse novo feitiço funciona, levando todos de volta a seus universos e deixa o Aranha de Tom Holland um Parker mais próximo à sua versão dos quadrinhos do que qualquer outro: Ele agora tem a Sorte de Aranha; nada está certo em sua vida. Está duro, sem tecnologia Stark, tendo que trabalhar para viver, em uma cidade que o considera uma ameaça, sem seus amigos, sem seu amor e sem sua tia. As crises cósmicas parecem estar em seu passado. Ele tem todo o drama da vida diária de um jovem comum, talvez até arrume emprego no Clarim Diário. É um novo início. É a origem do verdadeiro Peter Parker – até seu uniforme agora é mais fiel, tanto visual quanto conceitualmente.

Talvez a próxima trilogia seja com nosso cabeça de teia em aventuras mais urbanas – a aparição de Charlie Cox, o Demolidor, me faz pensar isso – mas nada o impede de participar das tramas mais overpower. Certamente teremos Venon, não o mesmo do universo Sony, mas interligado como mostra a primeira cena pós créditos… talvez até Miles Morales esteja pra pintar nas telas.
Enfim, a Marvel/Disney vai manter a concessão, a Sony vai encher os bolsos e talvez poderá trabalhar outras versões do personagem e nós, fãs, só temos a ganhar com isso.
Eu poderia passar mais uma semana comentando os detalhes desse acerto gigantesco da Marvel, mas termino o texto com uma simples frase:

Que filme!

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Fabiano Souza

CAPITÃO no meio campo, escreve textos e destrói falsos deuses antes do café da manhã

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