Picard – Episódio 7 – As Cicatrizes da Enterprise
Picard – Episódio 7 – As Cicatrizes da Enterprise: Após o empolgante episódio de semana passada, que teve doses incendiárias de emoção, temos agora um episódio mais profundo, introspectivo e que novamente é construído em cima do ator principal. Patrick Stewart continua no mais absoluto controle das ações em tela. E as revelações deste episódio ajudam não só a entender algumas decisões que ele tomou até aqui, mas também seus próximos passos.
O episódio começa mostrando como se deu a traição de Agnes – e como sua consciência culpada a atormenta. Em fuga do Cubo Borg, a tripulação do La Serena precisa, desesperadamente, se livrar de Narek, que os está perseguindo não importa pra que canto da galáxia eles fujam. Agnes engoliu um rastreador e a única forma de ficar em paz consigo mesma é se sacrificando para que o rastreador pare de funcionar. A questão é se a doce e meiga doutora Juranti será capaz de ir até as últimas consequências.
Enquanto isso, Picard foge com Soji para o distante planeta Nepenthe – o nome de uma fictícia droga para tristeza, mencionada na “Ilíada”, de Homero. O nome parece ressoar com os traumas vividos por Soji, que foi traída por Narek e deixada para morrer, mas na verdade ela trata de dois velhos amigos de Jean-Luc Picard.
William Riker e Deanna Troi estão vivendo neste distante planeta, muitos anos depois de terem visto a Enterprise e sua tripulação pela última vez. Riker tem um olhar que lembra o do velho Capitão Kirk de William Shatner, astuto e sempre procurando por respostas; já Troi está tranquila e serena como sempre, até se aproximar de seu velho amigo e, com suas habilidades empáticas, perceber o terrível segredo que ele esconde.
O casal também percebe que Soji é uma andróide e, de alguma forma, está ligada a Data. A estranha visitante desconfia de tudo e de todos, por motivos óbvios, e só consegue ficar à vontade com a filha dos seus anfitriões, a alegre e vivaz Kestra. Riker e Troi escolheram este planeta para viver por causa da capacidade restauradora de seu solo: eles queriam salvar seu filho Thad, que estava doente. Mas é interessante pensar que “nepenthe”, originalmente, não era uma droga para cura e sim para o esquecimento, o que torna o lindo e ensolarado cenário absolutamente melancólico.
Picard planejava ficar mais tempo em Nepenthe, mas Riker e Troi já perderam um filho. Eles sabem que Picard corre grande perigo, e que jamais os procuraria se tivesse outra escolha, mas temem por Kestra. E Picard não vai colocar mais ninguém em risco – para isso, ele precisa conquistar a confiança de Soji se quiser levá-la para seu mundo natal.
É aí que finalmente entendemos porque Picard não procurou sua antiga tripulação para salvar Soji. Sua missão a bordo da Enterprise foi há muito tempo e, como velhos amigos de colégio, hoje eles têm famílias, filhos, outros empregos, moram longe… A vida segue seu rumo e somente Picard parece ter ficado preso ao seu “papel” como comandante. E agora ele está tomando verdadeiramente ciência de que este será seu último ato.
Foi realmente um dos episódios mais profundos da série até agora, levantando os questionamentos que tanto amamos em Star Trek. Não importa o quanto a tecnologia evolua, as relações humanas, medo, morte, luto, amor, confiança e amizade sempre permanecerão no cerne de qualquer questão. A trilha sonora, que constantemente nos transporta de volta para a “Next Generation”, é primorosamente encaixada para emocionar. O ponto baixo fica por conta do estilo de filmagem “câmera na mão” em cenas mais profundas e comoventes entre Picard, Riker, Troi, Kestra e Soji. Mais adequada para cenas de ação, a técnica “tremida” desviava um pouco o foco do que realmente importava: as atuações dos veteranos em contraste com novatos extremamente promissores. Nada que comprometa o episódio ou esta bela série, que chega na sua reta final entregando muito mais do que prometia.
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