Conspiração Janus

A Conspiração Janus foi um crossover em 11 partes reunindo as principais agências de espionagem da DC Comics – o Xeque-Mate e o Esquadrão Suicida – com a participação de Nuclear, Capitão Átomo, Caçador e Pacificador. Das 11 partes, 10 foram publicadas de uma vez só no Brasil,  no “Superalmanaque DC” #2, em junho de 1991. Ficou de fora o epílogo, publicado em uma edição do Nuclear (Firestorm #87) que saiu aqui em “DC 2000” #20.

A história começa quando Amanda Waller, diretora da Força-Tarefa X (agência de espionagem do governo que compreende o Xeque-Mate e o Esquadrão Suicida) começa a mandar seus agentes em missões que parecem ter interesse unicamente pessoal. O Esquadrão começa a entrar em conflito com outros grupos e agências, enquanto Waller é atacada pelo Xeque-Mate.

O Xeque-Mate!

O que leva um tempo para descobrirmos é que Waller não mudou de lado, não é o “Janus” de duas caras dessa história. Na verdade, após um atentado fracassado contra sua vida, ela passa a manipular o jogo como se fosse realmente uma agente dupla: apenas colocando uma agência contra a outra ela seria capaz de descobrir onde os traidores estavam infiltrados. Mais importante ainda, era a única forma de acabar com os planos do verdadeiro vilão da história: Kobra, um super-terrorista fanático em busca de poder!

O Caçador

A história, publicada no fim da Guerra Fria, se encaixa muito bem no contexto de espionagem que se propõe. Vemos mercenários sendo contratados (como a Espinho Negro),  agentes obcecados com suas missões (como o Pacificador) e pessoas de ideais fortes tentando não se deixar arrastar pra toda essa loucura (Tigre de Bronze e Víxen). O grande destaque, contudo, acaba sendo mesmo Amanda Waller, a líder linha-dura que, mesmo sendo capaz de qualquer coisa para cumprir sua missão e garantir a segurança do país, tem um código de honra muito forte.

O Pacificador

A saga foi capitaneada por John Ostrander e Paul Kupperberg, dois dos “arquitetos” do Universo DC à época e responsáveis pelos títulos Suicide Squad e Checkmate!, os principais protagonistas do evento. Ostrander também escrevia o Caçador, com Kim Yale, e o Nuclear (que, na época, tinha se tornado um “elemental do fogo” extremamente poderoso, mas desconectado da humanidade.) Não é exatamente um time de primeiro escalão – mas os títulos envolvidos também não são. Isso dá um charme todo especial à saga: enquanto Superman, Batman e a Liga da Justiça estão ocupados detendo invasores alienígenas e outros super-criminosos, o mundo quase ruiu pelas suas costas sem que eles tivessem sequer tempo para intervir. Claro, a “mulher mais perigosa do mundo” Lois Lane percebe o que está acontecendo e começa a investigar – algo que cai muito bem a ela. Mas são os restolhos que vão salvar o dia (mais do que isso, boa parte da solução fica a cargo dos vilões do Esquadrão Suicida).

Capitão Átomo

Muito dessa ideia parece estar sendo retomado agora com o “Projeto: Leviathan” de Brian Michael Bendis, que volta a colocar não só Amanda Waller e as agências de espionagem no centro da ação, mas também devolve a Lois Lane o tratamento de “mulher mais perigosa do mundo”. Casada com o Superman, ganhadora do Pulitzer e reconhecida como uma das maiores jornalistas do mundo, ela volta a se envolver até o pescoço em uma grande conspiração – mas isso é outra história.

Nuclear

A arte fica a cargo de Steve Erwin, John K Snyder III, Karl Kesel e Doug Rice, entre outros. Artistas competentes e bastante seguros no comando dos títulos, mas não exatamente super-astros (algo comum nessa fase da DC, que via os melhores desenhistas assinarem com a Marvel). Um detalhe é que a capa da edição brasileira, o “Superalmanaque DC” #2, traz um desenho do artista brasileiro Donizeti Amorim – já que nenhuma das capas dos títulos envolvidos no crossover apresentava todos os personagens ao mesmo tempo, o que Amorim fez foi uma colagem em que eles parecem estar lutando na Lua. Mas é muito bacana e admito que eu ia curtir ter um pôster disso no meu quarto!

Capa da edilção brasileira

A “Conspiração Janus” pode ter sido enterrada na confusa cronológica de “reboots” e “crises” da DC Comics, mas é um ótimo exemplo de como era divertido comprar gibi nas bancas e acompanhar uma grande história se espalhando por diversos títulos de maneira coesa, sem um monte de mini-séries e tie-ins que não dizem nada. E o Esquadrão Suicida, uma das equipes mais emblemáticas dos quadrinhos, estava em seu melhor momento, dando destaque aos vilões e ao que eles podiam fazer. Realmente, um dos grandes momentos das HQs e que merece ser revisitado – senão pela nostalgia, pelo prazer de ler boas histórias.

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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